A EFICÁCIA DA PSICANÁLISE

        


    Por meio de metanálise, “os pesquisadores Falk Leichsenring, professor de psicossomática e psicoterapia da Universidade de Giessen, e Steven Rabung, professor de psicologia médica da Universidade de Hamburgo-Eppendorf, conduziram estudo sobre a eficácia da psicanálise.”  A metanálise, ao empregar avançados métodos estatísticos, “permite equalizar estudos individuais de diferentes tipos, formando assim uma idéia de consenso.”

As metafontes foram mais de mil de estudos clínicos, entre 1960 e 2008, com mais de 50 sessões ou mais de um ano.  Os pesquisadores também elaboraram uma definição de psicanálise para diferenciá-la de todas as outras formas de terapia, para termos de estudos e comparações, psicanálise ficou assim definida: “(...) uma terapia que envolve cuidado atento para a interação entre paciente e terapeuta, com interpretações pensadas no tempo, na transferência e na resistência, implicando apreciação sofisticada da contribuição do terapeuta ao campo interpessoal”.  

Quando comparada a outras abordagens psicoterápicas, tais como a cognitivo-comportamental, a dialético-comportamental, a terapia familiar, a terapia suportiva, a terapia psicodinâmica de curto prazo e o tratamento psiquiátrico convencional, a psicanálise surpreendeu.

        A psicoterapia psicanalítica, em termos de “efetividade genérica”, foi duas vezes mais eficaz que as outras abordagens e quatro vezes mais eficaz para distúrbios funcionais de personalidade, assim como para problemas ligados ao funcionamento social.

        Nos quadros complexos (complex metal disorders) , nos transtornos de personalidade, nos mentais crônicos e múltiplos, e nas co-morbidades, a psicoterapia psicanalítica foi 96% superior às demais.  Este resultado foi ainda mais expressivo quando se levou em consideração que 50% dos casos estavam sob dois ou mais diagnóstico.

      Contrariando a intuição, o tratamento psicanalítico acompanhado de medicação psicotrópica foi menos eficaz do que sem a citada medicação.

        Também contrariando o senso comum, algumas variáveis não pareceram intervir decisivamente na eficácia do tratamento, tais como a “idade, sexo, experiência prévia, geral ou específica” do psicanalista, assim como o uso de manuais ou programas de intervenção.  Quando se revelou a “ausência de correlação de eficácia”  para os subgrupos de diagnósticos específicos, como os transtornos de personalidade, transtornos crônicos ou múltiplos transtornos depressivos ou de ansiedade, caiu por terra “o mito da terapia específica e a idéia de que certos quadros são mais curáveis por certas técnicas.  Quem cura o que?  É uma falsa pergunta para além do genérico:  psicanálise.”

        Seriam necessários mais de 300 estudos, usando mesma metodologia, para se colocar em xeque os resultados matemáticos do modelo utilizado.

        Em somente um caso os pesquisadores desconsideraram o emprego da psicanálise: o custo.  Mas esta não é uma razão clínica.


FONTE: LEICHSENRING,  Falk e RABUNG, Steven.  Effectives of long-term psychodynamic psychoterapy.  Journal of American Medical Association, V.300, N.13, 1 out 2008 apud  DUNKER, Christian Ingo Lenz. Eficácia da Psicanálise.  In:  PINTO, Graziela Costa. Coleção Memória da Psicanálise: fronteiras da psicanálise.  9 ed.  São Paulo: Duetto Editorial, 2009, p.14.

 

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